Quem é o Conselho de Guerra

Professor de História do Ensino Fundamental e Médio do Rio de Janeiro e atualmente (2016) estudando mestrado profissional de História na UFRJ.

Dia 1: Planejamento de ataque


Abbadon retornara para a Vengeful Spirit que orbitava Mankalla, exatamente em cima de onde as forças lideradas pelo warlord haviam enfrentado a guarda tyranid do poço digestório.

Abbadon estava furioso. Sentado na infame câmara intitulada Lupercal Court, que se manteve intacta (mesmo após os reveses que a nave passou quando em combate durante a 13a Cruzada Negra) em memória do Warmaster Horus, ele gritava para aqueles que ali estavam: apenas dois seres ali se apresentavam, olhando a fúria do comandante mais poderoso entre os marines do caos, impassíveis. Um deles, uma figura amedrontadora e monstruosa, com uma armadura vermelha e dourada, de pele vermelha e dois chifres que encostavam no teto da câmara. Um Daemon Prince em toda a infâmia da Warp, com uma espada demoníaca embainhada na cintura e uma garra diabólica sedenta de sangue, que fazia parte do seu ser, onde seria a mão esquerda de um ser orgânico normal. Kassorolath era seu nome e representava ali a corte de Khorne, o deus do caos da matança indiscriminada. O demônio apenas olhava para o 1o capitão da antiga Son of Horus. O outro apenas olhava para baixo, sem esboçar qualquer tipo de reação. Este era um humano, pelo menos assim aparentava.

Abbadon continuava gritando e olhou para a criatura humana, que trajava uma armadura, uma Power Armour típica dos marines. Entretanto, como ocorre com qualquer Astartes Herético, a armadura fora distorcida e corrompida pelos poderes negros da warp, misturando o poder humano do guerreiro Astartes que ali se encerra com corrupção, malícia e crueldade típicas dos reinos caóticos. A armadura estava pintada com o esquema de cores da antiga XII Legião Astartes, a World Eaters. O guerreiro portava também uma espada, uma Power Sword e em sua cintura uma pistola de plasma. Naquele momento, o lord não portava qualquer tipo de elmo.

- E se eu convocar Kharn para este planeta? Talvez seja ele a única salvação. Achei que vocês pudessem dar conta de vermes espaciais! Ou devo considerar que os vermes do espaço sejam vocês?

O ódio nas palavras de Abbadon era latente. No entanto, o lord do caos que ali estava nada falou. Apenas levantou a cabeça lentamente para o Campeão da Warp e falou, calmamente:

- Chame Kharn, Abbadon. E assim resolveremos a pendenga entre nós. Tem anos que procuro aquele moleque, na verdade desde que ele nos traiu. A nós e a Angron. Chame-o e teremos a nossa vingança completa e, quem sabe, depois iremos atrás de você, que se acha o próprio Horus. Abbadon, você não passa de um espelho deformado, uma tentativa fracassada de ser o Warmaster. Você sabe que nós da Odium Incarnatus jamais abaixaremos a cabeça para você. Ou para qualquer outra Legião Herética ou Bando de Guerra que exista no Materium ou Immaterium.

Ao ouvir a fala do humano, Kassorolath esboçou um leve sorriso. Khorne e seus demônios sempre tiveram prazer com a matança e, de todos os bandos de guerra aliados ou crentes em Khorne que por muitas vezes brigavam entre si, as batalhas mais sangrentas sempre eram entre a Odium Incarnatus e os bandos dispersos dos World Eaters. Todos sabem, dentro e fora da Warp, que a Odium Incarnatus simplesmente odiava a tudo e a todos e, dentro da Warp, principalmente Kharn, que os traíra anos, muitos anos antes, na Batalha de Skalathrax. 
A Odium Incarnatus era parte integrante da Legião World Eaters e muitos de seus membros, inclusive o próprio Ashkal Khorr que falava agora com Abbadon, integrara as fileiras da Legião Herética desde a traição de Horus em Istvaan III. Ele, inclusive, fez parte da incursão liderada por Angron para matar aqueles que sobreviveram ao bombardeio das bombas virais no planeta.

A fala do Lord do Caos era esperada. Por isso Abbadon não se exaltou e fingiu ignorar a ameaça clara na fala do capitão. E se levantou do trono, andando em direção ao lord do caos que agora se mostrava imponente, com a sua armadura branca de detalhes dourados e ombreiras azul e douradas. A sua armadura estava suja de sangue. Ou melhor, sangues. Ali estavam os sinais de inúmeras batalhas ganhas por ele. Sangue espichado, saído de milhares de corpos de inimigos que ousaram combatê-lo, desde o primeiro momento em que pisou em um campo de batalha, justamente em Istvaan III. Misturados estavam sangue humanos, de irmãos Astartes, de orcs, de eldar. De tantas outras raças pouco ou nada importantes para ele, de monstros, de tyranids, demônios da warp e mesmo de irmãos hereges, traidores do imperium dos homens. 

Abbadon olhou para a armadura do capitão da Odium Incarnatus e falou, num tom de superioridade e nojo:

- Ashkal Khorr, você e seus subordinados são uns selvagens. Sempre foram. E também sempre cumpriram bem as suas missões. Do jeito de vocês, do jeito de Angron, mas sempre cumpriram. Por isso pedi a presença de vocês aqui. Por isso quero vocês em Mankalla. A minha Black Legion precisa estar em outro lugar. O maldito Guilliman voltou e preciso estar na campanha longe daqui. E preciso que este sistema esteja em minhas mãos para que meus planos possam ser concretizados. Fommenora já é nosso, esses vermes espaciais já desistiram do planeta e as torres de lá já estão nas mãos de nossos Arcanos. Precisamos das torres daqui e de Dorosinn Prime para concretizar o controle da Entidade Una e assim aumentarmos as nossas capacidades de invasão. Os vermes precisam ser eliminados!

Ashakal assentiu com a cabeça.

E Abbadon continuou:
- Arcanos subordinados a mim já haviam dito que estes vermes que estão no sistema possuem características próprias. E reconheço que isso possa dificultar as ações contra eles. Sei que eles são de um Enxame próprio, que os imperiais chamam de Exactor, e que eles conseguem se adaptar mais rapidamente, inclusive utilizando táticas de outros Enxames, o que faz deles um enxame híbrido. E é por isso que vocês terão o apoio de outros Bandos ou mesmo parte de Legiões, tais como a Alpha Legion. Jaego Phors já chegou ao sistema e auxiliará a Odium Incarnatus com um contingente da Alpha Legion. Além dele, Thallos Korda dos Iron Warriors chegará com apoio pesado contra as criaturas. Vença meu amigo, espalhe o sangue destes vermes pelo planeta e permita que meus Apóstolos e Arcanos entrem naquelas torres!

- Eu também ficarei. 

A voz gutural do Daemon Prince ecoou pela câmara repleta de estandartes antiquíssimos, desde que Horus Lupercal os havia posicionado séculos antes naquelas paredes.

- Conduzirei Astartes e demônios em nome de Khorne, pois esta conquista não pode ser dividida com deus nenhum. Nurgle está em vantagem em minha opinião. Desde Cadia ele consome vidas e almas, agora está na hora de sangue e crânios para o trono de Khorne.

O demônio olha para Ashkal e diz:

- É você quem lidera. Seguirei suas ordens, mas aconselharei quando for necessário. Escuto Khorne sempre e por isso sei mais que qualquer um aqui dentro. A galáxia queimará em poucas semanas humanas. O trono dourado do impostor será queimado e sangue humano será derramado e bebido pelas hostes de Khorne! Dorosiin é o aperitivo de Khorne, pois o prato principal será o próprio Imperador Impostor!

E essa voz retumbante foi ouvida por toda Vengeful Spirit.

E, após a gargalhada do demônio, Abbadon completa:

- Então seguiremos com o plano. O que pensa para o próximo ataque?

A resposta de Ashkal é imediata:

- Ele começa em poucos minutos. Retornarei para a base abandonada na superfície do planeta e utilizarei os reforços para uma investida em uma cidade arruinada. Ao mesmo tempo, uma patrulha ataca um posto avançado próximo a ela, em que há um único bunker imperial, que possui um dispositivo de defesa, um terminal de um Projetor de Escudo, que precisa ser destruído. Depois disso, os vermes espaciais serão facilmente eliminados.

E assim começa o segundo ataque a Mankalla. A cidade infestada pela Exactor Hive, Terannus, será palco de mais um conflito

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